sexta-feira, 7 de junho de 2013

Homofobia: como trabalhar o respeito e a diversidade sexual na escola

Rosangela Nieto de Albuquerque




O debate contemporâneo sobre sexualidade egênero ultrapassou o reducionismo dicotomizante entre natureza versus cultura por meio da afirmação não apenas da arbitrariedade da dominação masculina, mas também da historicidade da compreensão binária do sexo. (Bourdieu, 2007)

Homossexualidade é um tema bastante complexo a ser abordado. Numa sociedade que não é apenas heterossexual, mas marcadamente heteronormativa (RIOS, 2007), a heterossexualidade é instituída como padrão e, naturalmente, apresenta-se como expressão identitária e sexual. Assim, para compreender as questões da homofobia, faz-se necessária uma reflexão aprofundada das várias dimensões da sexualidade humana.

Certamente, a família e a escola convivem com essa complexidade, que é, sem dúvida, um desafio. A abordagem do assunto nas escolas deixa alguns pais e educadores ansiosos e receosos. Entretanto, é importante entender que o respeito às diferenças deve estar presente no currículo escolar, e estabelecer a tríade educacional pais-alunos-escola para informar e orientar é o primeiro passo para a quebra do preconceito.

Não há dúvidas de que o tema deve ser discutido de forma delicada e sensível, afinal a homossexualidade ainda é um tabu. Na escola ou em casa, as questões relacionadas à sexualidade devem ser abordadas vinculadas ao tema dos direitos e deveres dos cidadãos, do respeito e da diversidade humana.

As questões de sexualidade transcendem as relações sociais, os padrões de representação de gênero e de organizações familiares. Observa-se que, quando escola e família não conseguem trabalhar essas questões ou quando não “sabem” como abordá-las, geralmente optam pelo silêncio, e, assim, muitas lacunas se instalam e podem gerar a homofobia.

Podemos entender a homofobia como repulsa ou preconceito contra a homossexualidade e/ou o homossexual, isto é, uma espécie de medo irracional ao homossexual. É importante enfatizar que o comportamento homofóbico é tema de reflexão e discussão entre os pesquisadores e estudiosos do assunto. Para eles, a homofobia é uma forma de preconceito ao homossexual, que se instaura na condição de inferioridade, de anormalidade, baseada no domínio da lógica heteronormativa, ou seja, da heterossexualidade como padrão e norma.

Na verdade, a história do homem e as inúmeras denominações que foram usadas para identificar a homossexualidade legitimam o caráter preconceituoso de nossa sociedade. Assim, a homofobia costuma ser vista como um conjunto de emoções negativas (aversão, desprezo, ódio, desconfiança, desconforto ou medo) em relação a homossexuais. Desse modo, a homofobia vai além dos sentimentos individuais; trata-se de preconceito, violência contra as pessoas, discriminação, expressões de gênero e de identidades.

A determinação da verdade do sexo é uma construção histórica e, portanto, relativa, estando a serviço do estabelecimento de relações de poder sobre os corpos e da regulação dos prazeres e costumes (Foucault, 1982).

Através das representações sociais, observa-se que as práticas sexuais não reprodutivas são vistas como desvio, crime, aberração, doença, perversão, imoralidade ou pecado (FOUCAULT, 1987). As questões homofóbicas não se resumem somente aos indivíduos homossexuais, ou seja, a homofobia compreende também questões da esfera pública, como a luta por direitos. Muitos comportamentos homofóbicos surgem justamente do medo da equivalência de direitos entre homo e heterossexuais, uma vez que isso significa, de certa maneira, o desaparecimento da hierarquia sexual estabelecida.

Numa perspectiva psicológica, compreende-se a homofobia como projeção, isto é, um mecanismo de defesa do nosso eu, que se configura como uma proteção de algo que nos ameaça e que é constituído como algo externo. Portanto, o mal é sempre algo que está fora do sujeito e, ainda, diferente daqueles com os quais se identifica. Nessa perspectiva, há ainda a visão patológica da homossexualidade, que submete e acredita que os olhares clínicos, as terapias, são tentativas de “cura” (MOITA, 2003).

É importante ressaltar a complexidade do fenômeno da homofobia, que compreende duas dimensões fundamentais: a questão afetiva e as dimensões cultural e cognitiva, em que o objeto do preconceito (fenômeno) é a homossexualidade, e não o homossexual como indivíduo.

Em maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a legalidade da união estável entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. A questão da homofobia voltou à pauta de discussões acerca dos direitos dos homossexuais, que, apesar das conquistas, ainda enfrentam preconceitos. O reconhecimento legal da união homoafetiva não solucionou o problema da homofobia nem protegeu os homossexuais da violência.

A problematização da homofobia e o reconhecimento da diversidade sexual revelam-se indispensáveis para se viabilizar não só uma educação inclusiva e de qualidade, mas também a consolidação de um modelo democrático de sociedade (Miranda).

O aumento expressivo das discussões da temática sobre a diversidade sexual em diferentes contextos tem possibilitado ações afirmativas de combate à discriminação e à violência. A criação do programa Brasil sem Homofobia e do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, do Governo Federal, tem como objetivo a inclusão, o combate à discriminação e à violência e a promoção dos direitos humanos. As políticas públicas implantadas são pertinentes no cenário atual, que aponta os elevados índices de violência ao homossexual.

Homofobia é “a discriminação contra as pessoas que mostram, ou a quem se atribui, algumas qualidades (ou defeitos) atribuídos ao outro gênero” (WELZER-LANG).

A homofobia e as relações familiares

Em grande parte da sociedade, há a naturalização da família heterossexual e patriarcal, onde certamente a heteronormatividade está instalada. “É natural nas famílias, nas escolas e no contexto religioso uma legitimação da constituição familiar referendada pelo pai, pela mãe e pelos irmãos como elementos de uma família; os avós, primos e os tios também fazem parte da família” (Houaiss, 2005); “o pai, a mãe e os filhos” (Koggan & Houaiss, 1998). Porém, observa-se também os primeiros passos de mudança em alguns livros didáticos, com abertura para a discussão de diversas configurações familiares.

Em um livro de História para o Ensino Fundamental, as famílias estão representadas no seguinte paradigma: “[...] os que vivem e se organizam de diferentes formas [...]. Algumas crianças vivem só com a mãe, ou vivem com o avô, a avó e os irmãos, ou com tios, ou padrinhos, ou pais adotivos. Há crianças que vivem com a mãe, os irmãos, o padrasto e os filhos do padrasto”. Enfim, o livro aborda configurações familiares variadas, mas ainda se estabelece a abrangência da família heterossexual (avós, novos casamentos, separação entre os pais, ausência dos pais) (SÍMON & FONSECA, 2006).

Certamente, a educação para a cidadania é uma tarefa empreendida pelos pais e pela comunidade escolar, e a complexidade do fenômeno da homofobia, portanto, remete à necessidade de conscientização da sociedade como um todo para a mudança de postura, e, assim, para estabelecer uma sociedade democrática, com igualdade, liberdade, autonomia e respeito às diferenças.

Como lidar com a homofobia em casa?

É preciso muito diálogo e cuidado para não incentivar possíveis preconceitos. Nas ações diárias, nos diálogos familiares, jamais critique os homossexuais e, se perceber qualquer atitude de algum tipo de preconceito, converse com seu filho sobre o assunto. A homofobia, assim como o racismo e o antissemitismo, não pode ser tolerada. O melhor caminho é estabelecer o diálogo e orientar acerca da diversidade sexual.

A homofobia na escola: Como tratar do assunto?

A escola tem importante papel no processo de conscientização, orientação e instrumentalização do corpo da criança e da formação do sujeito. A instituição escolar, por tradição, ao classificar os sujeitos pela classe social, etnia e sexo, tem historicamente contribuído para (re)produzir e hierarquizar as diferenças. Assim, coloca à margem aqueles que não estão em conformidade com a norma hegemônica e, certamente, não contempla a inclusão da diversidade sexual proposta na atualidade.

Esse cenário abre uma reflexão acerca do papel da Educação no combate à homofobia, na efetivação das ações que são citadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) para a Orientação Sexual, que busca a promoção da construção de uma sociedade justa e equânime e que garanta os direitos humanos. Sendo, a escola, um espaço crucial na construção de sujeitos e subjetividades e estando sintonizada com a heteronormatividade, desempenha um papel central na produção e reprodução da homofobia. Nela, a homofobia é consentida e ensinada em rotinas normativas de silêncio e incapacidade de ação.

A escola reflete o panorama de desconhecimento dessas políticas, o que dificulta o reconhecimento da homofobia presente no cotidiano e ressalta o despreparo de educadores para lidar com o tema.

A homofobia na escola é um problema real. Seu enfrentamento requer estratégias específicas voltadas à garantia dos direitos sexuais, ao reconhecimento da diversidade sexual e à pluralidade das expressões de gênero. Nesse espaço, é preciso confrontar crenças e valores que alimentam os preconceitos e a hostilidade homofóbica.

Nas escolas, a homossexualidade é uma das principais causas de bullying. Sem ter referências sociais e culturais para debater a respeito da identidade de gênero e da orientação sexual, os jovens acabam se referindo com ironia e preconceito aos homossexuais.

Para evitar o constrangimento ou o bullying por parte dos estudantes, a família e a escola devem falar aos jovens sobre a necessidade de se respeitarem as diferenças e refletir a respeito da identidade de gênero e da orientação sexual. Embora não seja fácil, o assunto deve ser debatido na escola.

Recentemente, o Ministério da Educação propôs a distribuição de um kit anti-homofobia nas escolas, contendo vídeos e material de apoio aos professores. O material foi amplamente criticado, e a ideia agora é reformular a ação para que combata também o preconceito dessa ação pedagógica.

É fato que há uma lacuna na formação dos professores acerca do assunto, e, certamente, necessita-se investir em formação continuada e em políticas públicas para desenvolver a práxis educativa. Há diversos fatores que impedem a efetiva ação dos educadores:

• Qualificação deficitária.

• Sobrecarga de trabalho.

• Baixa remuneração.

• Silenciamento diante de situações de violência pelo sentimento de incapacidade para a ação.

• Inexistência de políticas públicas acerca do assunto.

Na verdade, a Educação é o espaço mais acessível para a promoção da cidadania. Assim, a escola, como espaço de Educação formal e como promotora do conhecimento, tem como desafio articular e executar as políticas públicas, discutir e repensar valores culturais e permitir a desconstrução de normas rigidamente estabelecidas.

A fim de garantir que esses princípios sejam alcançados, é preciso expandir a abrangência de ações inclusivas que possibilitem a expressão das diferenças de todas as ordens — étnicas, religiosas, de orientação afetivo-sexual, políticas, ideológicas, econômicas — e que levem o sujeito a compreendê-las como indispensáveis para sua existência plena, de direitos e de deveres, em sociedade.

O silêncio...

É enfático que o caráter heteronormativo das relações sociais está presente, e, nos discursos sobre afetos e diversidade sexual, a temática impõe um silêncio também evidenciado nas obras literárias, nos textos e nas ações.

O silêncio é a estratégia discursiva dominante, estabelecendo uma linha tênue entre heteronormatividade e homofobia.

Há várias expressões sociais da homofobia, desde atos violentos de agressão física e restrição de direitos sociais até a imposição da exclusão social às pessoas cujas práticas sexuais não são heterossexuais (MEYROU, 2005).

O silêncio sobre a diversidade sexual em vários livros didáticos assume o caráter da heterossexualidade como heteronormatividade. Geralmente, o assunto abordado nos livros vem associado à dimensão biológica e reprodutiva, isso denota o reducionismo da concepção de sexualidade nesses instrumentos pedagógicos, que desconsideram as implicações subjetivas, relacionais e sociais da vivência da sexualidade.

Formação docente: Como trabalhar o respeito e a diversidade sexual na escola?

Na escola, a homofobia perpassa também pelo padrão das relações sociais entre os atores escolares, alunos, professores e educadores técnicos. A homofobia na escola afeta o bem-estar subjetivo; dificulta o aprendizado; produz segregação e isolamento; gera insegurança e falta de autoconfiança; produz desinteresse; promove estigmatização; produz ou agrava a distorção idade-série; desencadeia tendências ao potencial discriminatório; afeta as expectativas de alunos e professores quanto ao “sucesso” e o rendimento escolar; favorece o abandono e a evasão escolar; produz intimidação; reduz oportunidades; prejudica o processo de inserção no mercado de trabalho; conduz à maior vulnerabilidade em relação a chantagens, assédios, abusos; tumultua o processo de configuração identitária e a construção do respeito em si; enseja invisibilidade ou visibilidade distorcida das pessoas; influencia a vida social em geral; dificulta a integração das famílias homoparentais na comunidade escolar.

Segundo pesquisa da Unesco (2004), cerca de 60% dos professores brasileiros consideram inadmissível uma pessoa ter relações homossexuais, e um alto percentual de docentes afirma não saber abordar o tema homossexualidade nas aulas. Entre os pais, 62% não desejariam que seus filhos tivessem colegas homossexuais. Entre os estudantes, muitos não gostariam de ter colegas homossexuais. E bater em homossexuais foi apontado como o exemplo menos grave de violência (ABRAMOVAY et al., 2004).

Na verdade, existe uma lacuna na formação docente em relação a técnicas didáticas e estratégias e à pedagogia inclusiva. Trabalhar o respeito e a diversidade sexual na escola e estabelecer algumas ações poderão diminuir a homofobia. Existem algumas ações que poderão ser vivenciadas que, certamente, diminuirão as possibilidades de homofobia na escola:

• Acolher e fortalecer os jovens que se isolam do grupo por ter comportamento diferente do padrão.

• Promover um debate franco sobre a necessidade de se respeitarem as diferentes orientações sexuais.

• Reprimir ou impedir os comentários preconceituosos entre os alunos.

• O professor deve dar opinião sobre o tema apenas no final das discussões.

• Apresentar aos alunos dados e pesquisas socioculturais sempre que possível.

• Propor atividades que favoreçam a participação dos mais tímidos.

• Manter a discussão genérica, sem se intrometer na intimidade da garotada.

• Fazer um “contrato” com a turma para garantir que tudo o que for discutido não seja usado em comentários maldosos nos corredores nem para julgar os colegas.

• Incentivar que os estudantes tirem as próprias conclusões.

• Convidar os pais, sempre que possível, a participar de um bate-papo sobre homofobia e diversidade sexual em sala de aula com os estudantes.

Há muito a fazer, as instituições sociais estão dando os primeiros passos acerca da homofobia. O importante é promover políticas públicas e ações inclusivas de orientação afetivo-sexual, com a integração da família, da escola e de instituições como um todo, que levem o sujeito à sua existência plena de direitos e deveres em sociedade.

Rosangela Nieto de Albuquerque é Mestre e doutoranda em Educação, Mestre em Ciências da Linguagem, psicopedagoga, pedagoga e professora universitária.

Referências
ABRAMOVAY, M. Juventudes e Sexualidade. Miriam Abramovay,
Mary Garcia Castro e Lorena Bernadete da Silva.
Brasília: Unesco Brasil, 2004.

BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. 5. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007. Do original La Domination
Masculine, 1998.

BRASIL. Comitê Nacional de Educação em Direitos
Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos;
Ministério da Educação, 2003.

CASTRO, M. G. C., ABRAMOVAY, M. SILVA, L. B.
Juventudes e Sexualidade. Brasília: Unesco Brasil, 2004.

CONSELHO Nacional de Combate à Discriminação. Brasil sem homofobia: Programa de combate à violência e à discriminação contra GLTB e promoção da cidadania homossexual. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

FOUCAULT, M. Vigiar e Punir. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1987.

LOURO, G. L. Teoria Queer: uma Perspectiva Pós-identitária para a Educação. Revista de Estudos Feministas, 2001.

LOURO, G. L. Gênero, Sexualidade e Educação: uma Perspectiva Pós-estruturalista. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

MEYROU, BORRILLO. Homofobia e Mito de Andrógeno: uma Leitura Psicanalítica. In FERREIRA, A. A. GOMES, E. F. SANTOS, K. da S. OLIVEIRA, G. P. Pensamento Plural: Revista Científica do São João da Boa Vista, v. 5, n. 2, 2011.

MOITA, G. Essências e Diferenças: Minorias Sexuais ou Sexualidades (Im)Possíveis. In FONSECA SOARES, C.; VAZ, J. M.. A Sexologia: Perspectiva Multidisciplinar II. Coimbra: Quarteto, 2003.

MIRANDA, Tânia. Brasil sem Homofobia. Publicado no jornal A Tarde. Fórum Baiana LGBT.s/d.

RIOS, R R. Homofobia na Perspectiva dos Direitos Humanos e no Contexto dos Estudos sobre Preconceito e Discriminação. In: JUNQUEIRA, R. D. (Org.). Diversidade Sexual na Escola: Problematizações sobre a Homofobia nas Escolas. Brasília: Edições MEC/Unesco, 2009.

SIMON & FONSECA. Homofobia, Silêncio e Naturalização: por uma Narrativa da Diversidade Sexual. Rev. psicol. polít. vol. 8, n. 16, São Paulo. 2008. versão ISSN 1519-549X.

SMIGAY, K E V. Sexismo, Homofobia e Outras Expressões Correlatas de Violência: Desafios para a Psicologia Política. Belo Horizonte: Rev. Psicologia em Revista, v. 8, n. 11, pp. 32-46, 2001.

WELZER-LANG, D. A Construção do Masculino: Dominação das Mulheres e Homofobia. Rev.Estud. Fem. vol. 9, n. 2, Florianópolis: 2001.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Um cabra bem ousado....

No dia em que encontrar a pessoa certa para em seus braços depositar todo o meu amor.
E essa tal, entender, compreender que em seus ombros carregara tamanha felicidade.
Ao mundo um recado enviarei.
Por motivo de força maior.
Todas as candidatas que se escreveram, queiram desconsiderar.
Pois de fato e fé.
Apareceu a costela que tinha perdido em eras passadas.
E como o comprimento, peso e espessura da mesma batem com o
Procurado.
Agradeço o enterese de todas que se esmeraram em tentar fazer feliz esse pobre mancebo.
Poro.

Enviado por Pororoca em 24/05/2012
Reeditado em 24/05/2012
Código do texto: T3685035
Publicado em: Recanto das Letras

sábado, 10 de dezembro de 2011

PEDAGOGIA HOSPITALAR

PEDAGOGIA HOSPITALAR

PEDAGOGIA HOSPITALAR



PRÁTICAS EDUCATIVAS EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: A PEDAGOGIA NO HOSPITAL


Daniel Feitosa Barros¹
Universidade Federal do Piauí - UFPI

RESUMO

O presente texto tem como objetivo discutir a atuação do Pedagogo em contextos não escolares, aqui em especial, no contexto hospitalar. Nessa perspectiva, fizemos um breve levantamento histórico sobre o conceito de Pedagogia e, também, discorremos acerca de alguns aspectos da formação do Pedagogo nos dias atuais. Nossa fundamentação teórica é baseada nas idéias de autores como Libâneo (2002), Matos& Mugiatti (2009), Franco (2005), dentre outros. Finalmente, nossa pesquisa aponta para distinções significativas acerca das funções e atribuições do pedagogo hospitalar em ambientes não escolares, particularmente, no seu ambiente hospitalar.

PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia Hospitalar. Práticas Educativas. Educação. Pedagogia. Ambientes não escolares.

ABSTRACT:

This paper aims to discuss the Pedagogue’s role out of school, particularly in hospital. From this perspective, we made a brief historical survey on the pedagogy concept, and also, we talk about some aspects of Pedagogue formation nowadays. Our theoretical framework is based on ideas of authors such as Lebanon (2002), Mugiatti & Matos (2009), Franco (2005), and others. Finally, our research shows the significant distinctions of the  functions and  Pedagogue's duties out of the school, privately in hospital.

KEYWORDS: Education Hospital. Educational Practices. Education. Pedagogy. Non-school settings.



INTRODUÇÃO

            Antes de iniciarmos uma discussão sobre as práticas pedagógicas e educativas nos ambientes não escolares, em especial no Ambiente Hospitalar, teremos que primeiramente entender o que é a Pedagogia e quais as funções do profissional Pedagogo, pois só assim iremos conseguir entender e enxergar esse profissional nos demais ambientes sociais, além do escolar.
            Muitas pessoas ao ouvirem os termos “Pedagogia” e “Pedagogo”, logo os associam como sendo: “as formas de ensinar” e “aquele que ensina as formas de ensinar”. De fato, há um considerável número de pessoas que acreditam fielmente que a Pedagogia resumiu-se somente a essas formas de ensinar e que o Pedagogo seria o responsável por somente ensinar esses métodos e técnicas de ensino. A sustentação desses conceitos por parte de um número considerável de pessoas (que compõe o senso comum) pode até ser aceito, se quisermos limitar a Pedagogia somente ao metodológico, mas é inadmissível que os profissionais ligados diretamente com a educação, em especial os próprios pedagogos, mantenham essa ideologia. Consideramos LIBÂNEO (2002, p. 62) quando ele afirma que:

[...] Uma pessoa estuda ou se serve da pedagogia para ensinar melhor a matéria, a utilizar técnicas de ensino; desse modo, o pedagógico seria o metodológico. Tal entendimento poderia até ser compreensível, caso fosse atribuído a professores de matérias sem vínculo direto com a educação, ou seja, profissionais do ensino mais ou menos leigos em relação ao campo investigativo da educação. Mas seria impróprio a professores ligados ao campo da educação manter uma ideia de senso comum sobre o caráter do pedagógico.

            Com base nisso, o que não podemos esquecer é que antes da prática pedagógica é necessária a fundamentação teórica científica, a reflexão, os questionamentos, os diálogos, sugestões sobre os conteúdos propostos, a investigação, a pesquisa, etc., o ensinar por sua vez é apenas uma das funções de todo o trabalho pedagógico. A Pedagogia deverá investigar sobre as situações-problemas relacionadas à educação e buscar soluções para as mesmas. Só por essa análise (delegar a pedagogia como aquela que investiga problemas na educação) podemos claramente enxergar que a Pedagogia e o Pedagogo não vão apenas investigar o “ensino” e nem tão pouco, somente os “métodos de se ensinar”, mas sim tudo aquilo que envolva a educação.
            E em tempos de se falar de Educação, é extremamente importante não deixar de salientar que a Pedagogia é a uma ciência que possui como seu objeto de estudo a própria Educação. Daí, podemos nos questionar, quantos problemas existem na educação? Onde a educação se faz necessária? Como podemos exercer a educação e quais são os recursos e/ou processos técnicos necessários para se praticá-la? Essas são apenas algumas das inúmeras outras questões que podem ser levantadas sobre o imenso campo educativo. Ou seja, estamos nesse momento discutindo sobre uma área de estudo enorme e muito, mais muito abrangente. O campo investigativo da educação é gigantesco e bastante diversificado (Brandão, 1995). Para cada pessoa, situação, lugar ou ambiente se faz necessário um comportamento educativo e deve-se ter uma pedagogia própria para estudo e orientação do mesmo. “Como a toda educação corresponde uma pedagogia, também há uma diversidade de trabalhos pedagógicos para além das atividades de educação escolar e ensino” (Libâneo, 2002, p. 60).
Assim, temos inclusive as próprias Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia constadas na Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006, em seu Art. 3º e Parágrafo único, prevêem para o Curso de Pedagogia e seus estudantes uma formação onde:

Art. 3º O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética.
Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central:
I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania;
II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional;
III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino.

            Ora, como se podem perceber as próprias Diretrizes do respectivo curso fomentam as atividades a serem desenvolvidas na Pedagogia pelo Pedagogo. Ainda em nível de graduação esse profissional exerce inúmeras outras atividades que lhe são incumbidas e que muitas vezes podem ou não estar ligadas direta ou indiretamente ao ensino. A gestão, por exemplo, é um dos trabalhos pedagógicos exercidos pelo Pedagogo que nem sempre vai está ligada ao ambiente escolar e nem tão pouco ao ensino. O Pedagogo pode muito bem gerir um sistema ou uma instituição que não tenha nenhum vínculo com o ambiente escolar, mas que exija educação e qualificação profissional dos demais colaboradores da mesma em suas regulamentações internas. O pedagogo nessa situação seria o responsável por elaborar projetos de “Educação Continuada” para os colaboradores, responsável também pela humanização, pelo respeito, a ética e demais aspectos morais que devem ser mantidos dentro e fora do ambiente de trabalho (seja ele qual for) e não somente com os colaboradores, mas também com a clientela destinada.
O que devemos entender é que, assim como a educação é um gigantesco espaço de investigação a Pedagogia também é. Daí, temos de relembrar mais uma vez que é ela a responsável por investigar este tão enorme e vasto campo educativo. Limitar a Pedagogia ao ensino e o Pedagogo como aquele que somente ensina, como já visto, é o mesmo que reduzi-los somente ao metodológico. A “Pedagogia é, antes de tudo, um campo científico, não um curso. O curso que lhe corresponde é o que forma o investigador da educação e o profissional que realiza tarefas educativas seja ele docente ou não diretamente docente.” (LIBÂNEO, 2002, p. 60).

I)      PEDAGOGIA: AMBIENTE ESCOLAR E NÃO ESCOLAR

            Tomando por base o que viemos discutindo até aqui, é interessante notar a forma singular e significativa de toda atenção voltada para o curso de pedagogia ao ensino. Não é a toa que o ambiente escolar é um dos ambientes mais abordados e procurados para o exercício da profissão do Pedagogo, afinal é na escola onde tudo se ensina e tudo se aprende para a formação de um bom cidadão.
            O ambiente escolar em si, é o local com maior responsabilidade sobre a formação do cidadão, pois em seu papel social tem por finalidade a inteira cobertura sobre os princípios e fins educativos considerados fundamentais para um desenvolvimento harmônico social.
            Se analisarmos bem, a estrutura de uma escola é montada basicamente para sistematização de uma educação contemplada por uma sociedade. Enxergamos esse ambiente, como aquele livre de qualquer má educação, sendo o local mais puro e indicado para se está. Tanto que confiamos a ela a educação disponibilizada a nossas crianças, jovens e adultos, ou seja, confiamos nossa própria vida e o futuro de nossa sociedade. Os pais, por exemplo, confiam deixar seus filhos na escola durante horas do dia, pois acreditam que eles estão no lugar correto para aprenderem e serem educados, bem como para se tornarem pessoas que mantenham o cumprimento das leis respeitando os direitos e deveres uns dos outros. Nesse sentido, podemos afirmar com propriedade que a escola é nosso segundo abrigo, pois depois do ambiente familiar ela é o local mais seguro e intimo que temos.
            De fato, não podemos negar que o ambiente escolar contempla muitas qualidades, inclusive que possui princípios e fins estabelecidos sobre a educação que é ofertada ao seu público-alvo (educandos), tanto que para que uma escola regular funcione, seja ela pública ou privada, a mesma tem de seguir os princípios e fins estabelecidos na forma da Lei 9394/96 que trata das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que visa junto com a Lei maior que rege nosso país, a Constituição Federal de 1988, oferecer uma educação de qualidade que tem por objetivo promover “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania”.
            Ora, eis aqui a necessidade de começarmos a fazer nossos questionamentos mais uma vez. Se a escola é o local responsável pela educação e formação do cidadão, seria esse o principal local de investigação do campo pedagógico, já que esse foi construído com o objetivo de promover a educação? Assim como vários outros questionamentos que existem sobre o campo educativo escolar, esse é um bastante complexo e que talvez nem encontrem uma resposta satisfatória agora, poderíamos passar horas e mais horas, dias e mais dias e até anos e mais anos discutindo sobre esse questionamento sem encontrar uma resposta com satisfação, mas uma coisa podemos afirmar com segurança, existem outros ambientes que também promovem a educação e que merecem atenção significativa tanto quanto o ambiente escolar.
            Quando falamos de outros ambientes, estamos nos referindo aos espaços não escolares. Aqueles que diferente da escola, não possuem em seu objetivo maior a promoção direta da educação, mas que exigem que se façam educação em suas instâncias. Este é o caso dos ambientes Social, Empresarial e em especial aqui o Hospitalar.
            Tomaremos como primeiro exemplo para análise o ambiente Empresarial, para que logo possamos entender melhor o que se está sendo colocado. Veja bem, em um ambiente empresarial, dependendo do tipo de empresa (sendo uma inserida no mercado capitalista), o seu objetivo maior é seu desenvolvimento e a lucratividade através das “vendas” ou da “produção” de seus produtos específicos. Contudo, para que a empresa busque esse sucesso nas vendas e toda essa lucratividade, é necessário que a mesma possa contar com colaboradores qualificados, que estejam sempre atentos para o desenvolvimento e interesse do meio social e do público-alvo que ela queira atingir. Seus funcionários necessitam trabalhar em equipes, pra que juntos possam chegar em um denominador comum que é o objetivo da instituição, que seria o de oferecer um produto de qualidade a fim de que suas vendas possam crescer e assim aumentar seu lucro.
            Diante de todo o exemplo exposto logo acima, acredito que podemos chegar à conclusão de que para que uma empresa possa obter seu sucesso, é necessário que ela conte com ajuda indispensável da educação. Como chegamos a essa conclusão? É fácil e obvio. A qualificação contínua dos profissionais que trabalham nessa empresa se faz dentro da educação continuada; o trabalho em equipe/ou grupo é uma forma de interação e respeito entre os demais colaboradores (um conhece o trabalho do outro e logo aprendem juntos); conhecer o interesse social para desenvolver produtos de qualidade e satisfação desse meio se faz dentro de uma antropologia educacional que possui objetivos próprios; os projetos de estratégia de produção e venda devem ser elaborados de forma pensada e reflexiva; ou seja, uma empresa, seja ela qual for, necessita de educação para alcançar seu pleno desenvolvimento. Só em admitir que seus colaboradores necessitem está em constante processo de formação continuada, já podemos concluir que a educação se faz presente nesse ambiente, pois eles receberão novos conhecimentos e novas orientações educativas para o melhoramento e aperfeiçoamento de sua mão-de-obra.
            Como podemos perceber diferente do ambiente escolar que oferece sempre a Educação com e em todos os seus aspectos para sua clientela (alunos), o empresarial (não somente ele, mas o social e o hospitalar também) fundamenta-se na Educação para atingir seus interesses e suas metas.
            No ambiente hospitalar, por sua vez, poderíamos aceitar que seu objetivo maior se solidifica no diagnóstico, no tratamento, no cuidar e na atenção integral disponibilizada a saúde dos enfermos. No entanto, essa atenção integral contempla não somente o diagnóstico, o tratamento e o cuidar, mas também a assistência social continuada, a assistência educativa, a humanização, o bem está do enfermo. O trabalho em equipe no hospital é significativo e importantíssimo, pois contribuirá para a cura do paciente.
            Não sei se perceberam, mas em todos os exemplos, sempre o “trabalho em equipe” é mencionado. Não é a toa que Vigotski defende em sua teoria sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal que as relações e o trabalho em grupo sempre geram aprendizagens significativas e resultados louváveis para o que se pretende alcançar. É muito mais fácil e prazeroso resolver uma atividade com a ajuda de alguém do que se tentarmos realizá-la sozinhos.
            Para o exercício de práticas educativas nesses ambientes, é necessário que se tenha um profissional capacitado para atuar com segurança nesses espaços. Que seja conhecedor e investigador do campo educativo para melhor saber inserir e aplicar seus conhecimentos junto aos interesses desses espaços. Aqui, sugerimos o profissional Pedagogo como sendo o mais recomendável para determinada tarefa. O porquê dessa sugestão? Bem, vamos entender isso agora.
            Atualmente quando discutimos sobre educação, em especial nos anos iniciais do ensino básico, têm-se o pedagogo como sendo o principal responsável pelo processo de formação educacional inicial nas escolas regulares. É salvo dizer que o curso de pedagogia forma profissional habilitados para o desenvolvimento de trabalho pedagógico em todos os anos do ensino básico regular que este é capacitado (educação infantil, ensino fundamental menor – primeiro ao quinto ano, nos cursos de nível médio e profissionalizantes como forma de apoio pedagógico etc.). Esta capacitação é garantida pelo Art. 2º da RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, DE 15 DE MAIO DE 2006 onde prevê que:

Art. 2o As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.

Como podemos notar, o pedagogo é aquele responsável pela construção de conhecimentos científicos que compõe a educação fundamental dos anos iniciais de uma sociedade. Nesse contexto, temos que no ensino fundamental devem-se ser administrados aqueles conteúdos que são tidos como necessários e fundamentais para que um indivíduo possa viver sem maiores dificuldades em uma determinada sociedade. Desses conteúdos fundamentais, podemos destacar principais: o desenvolvimento da fala, da escrita, as noções básicas de geografia, história, ciências, matemática, artes, temas transversais e entre outros. É importante ressaltar que cada um desses conhecimentos possui sua significância particular para o indivíduo em formação, por serem administrados de forma sistêmica no âmbito escolar.
            O que não podemos esquecer é que além das Instituições Escolares e Clínicas Psicopedagógicas, a Pedagogia está presente também em outros campos sociais, onde são previstos trabalhos pedagógicos e práticas educativas; considerando o fato de que todo lugar que exista ou necessite de educação, faz-se presente o uso de uma pedagogia (Questione-se: qual é lugar em uma sociedade onde se tenha relações entre as pessoas e que não necessite de educação?).
            Ou seja, retomamos agora a discutir sobre a imensa diversidade e amplitude da educação e das práticas educativas pedagógicas, onde percebemos que a pedagogia não pode se limitar somente ao exercício da docência e nem tão pouco só aos ambientes escolares. Até mesmo porque de acordo com a resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006 que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, licenciatura. No Art.5º que trata do egresso do curso de pedagogia dispõe que o profissional de pedagogia deverá ser apto a: “IV - trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo”.
            Veja só a dimensão que apenas o Curso de Pedagogia oferece em nível de graduação, quem dirá o campo investigativo da educação que é a Pedagogia em si. Não esqueçamos que como já mencionado anteriormente por Libâneo, a Pedagogia é antes de tudo um campo investigativo e que o Curso forma apenas o profissional investigador. Sendo que esse profissional deve está preparado para promover a aprendizagem e mediar à educação em todos os espaços que forem identificados e previstos conhecimentos pedagógicos, sendo este escolar ou não escolar.

II)                PEDAGOGIA HOSPITALAR: A PEDAGOGIA E O PEDAGOGO NO HOSPITAL

            Há essa altura de nossa discussão, estima-se que já conseguimos enxergar com mais clareza o Pedagogo em ambientes além do escolar. Vemos o que era Pedagogia e pudemos conhecer um pouco do trabalho pedagógico exercido pelo Pedagogo. Iniciaremos agora nosso diálogo para a vertente da pedagogia no hospital e tentaremos juntos conhecer as práticas pedagógicas nesse ambiente tão carente de atenção humanizada e educacional.
            Faremos referência a nossa conversa quando estávamos discutindo sobre os conteúdos que devem ser administrados ainda em nível fundamental para os educandos que se encontram nesse nível, pelo profissional Pedagogo. Como vimos, os conhecimentos disponibilizados nos anos iniciais do ensino fundamental, como o próprio nível revela, são de fundamental importância para o educando em processo de aprendizagem, por serem indispensáveis para o convívio no meio social. Agora imagine o que aconteceria se esse processo de construção de conhecimento e educação fundamental for interrompido de forma brusca por motivos significativos e diversos, como por exemplo, a aquisição de uma enfermidade que venha a abalar o desenvolvimento cognitivo e físico do educando impedindo-o de frequentar o ambiente escolar. Como ficaria a situação de aprendizagem desse educando?
            Vamos então rever, conforme o exposto na Lei Maior que rege o nosso país, a Constituição Federal de 1988, mais precisamente o Titulo VIII – Da Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205:

a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Ou seja, se a educação é um direito de todos e para todos, independentemente da situação e quaisquer circunstancias que esteja e que necessite, é primeiramente responsabilidade nossa (social) tentar garantir esse direito aos educandos que estão sendo formados nesse nível de ensino, pois são eles quem vão garantir o destino de nossa sociedade e nação (podendo ser generalizado também ao mundo, pois nossa sociedade está inserida no mundo). Por segundo, e mais específico, do pedagogo, pois ele como sendo o responsável pelo ensino e educação fundamental básica do meio social, deverá primar também por esses direitos e objetivos que são resguardados por nossa Constituição legal direcionada a educação, mediando o acesso ao ensino e educação inclusive às crianças e adolescentes que se encontram hospitalizados por motivos significativos (acometidos por patologias) que os impediram temporariamente ou mesmo definitivamente de frequentar um ambiente escolar regular.
Considerando também as diretrizes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei 9394/96, a educação se faz como direito de todos dentro dos princípios e fins:

TTULO II
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;

Veja bem, a Lei 9394/96 explica detalhadamente como se deve fazer acontecer à educação básica como direito de todos, assim entendemos que as crianças e adolescentes que estejam hospitalizados e afastados do ambiente escolar também possam desfrutar desse direito (aprender e educar-se para se tornar cidadãos). Legitimar esse direito exige a disposição de assegurar essas responsabilidades a um profissional competente especialista em educação no ambiente hospitalar, sendo esse aqui referido o Pedagogo Hospitalar, responsável pela mediação do processo de ensino-aprendizagem dos educandos hospitalizados.
O termo Pedagogia Hospitalar designa a educação disponibilizada a crianças e adolescentes hospitalizados, que por motivos diversos tiveram sua saúde abalada. Em detrimento disso, essas crianças e adolescentes são sujeitas a interromper o processo educativo ministrado no ambiente escolar regular, passando assim os ambientes hospitalar e escolar, a exigir a necessidade de um profissional da educação que dedique atenção pedagógica a esses mesmos educandos que se encontra em atendimento hospitalar. Diante disso, esse novo profissional tem por função fazer cumprir o dever de proporcionar a continuidade da educação dessas crianças e jovens, bem como assumir o papel também de ajudar o hospital a concretizar seus próprios objetivos (MATOS e MUGIATTI, 2009, p. 67). O surgimento da pedagogia hospitalar se deu com intuito de proporcionar o estímulo para continuidade dos estudos desses educandos hospitalizados, para que os mesmos não venham a perder o ritmo de aprendizagem e nem tão pouco virem a repetir um ano escolar devido a uma internação hospitalar para tratamento de uma patologia ou má condição de saúde (MATOS e MUGIATTI, 2009, p. 68).
Colocar a educação em prática, em suma não é uma tarefa fácil. E quando se trata dessa prática dentro de um ambiente hospitalar, onde o educando está acometido por uma patologia e cercado de condições físicas, fisiológicas e sociais que dificultam ainda mais o acesso desse educado ao estudo e a aprendizagem, torna a prática educativa algo ainda mais complexo e significativo. Segundo Franco (p.177–178, 2005): "à medida que a sociedade se tornou tão complexa, há que se expandir a intencionalidade educativa para diversos contextos, abrangendo diferentes tipos de formação necessária ao exercício pleno da cidadania”. Em consideração a isso, percebemos que o hospital por se só, já é um ambiente de isolamento do indivíduo do meio social por está em tratamento patológico, e por ser assim, ele passa a exigir a competência de um profissional que seja responsável por intermediar e mostrar as crianças e adolescentes que elas não estão em completo isolamento e que continuam fazendo parte da sociedade, mostrando a elas que mesmo estando em atendimento hospitalar, ainda sim precisam cumprir com direitos, deveres e responsabilidades principalmente com a educação que é resguardada em todo o Capítulo IV da Lei Nº. 8.069, de 13 de julho de 1990 que dispõe sobre do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Nesse contexto a atuação do pedagogo é de mediador entre o educando e a escola (também sociedade), principalmente em ajudar o escolar a desenvolver seu papel de cidadão. O pedagogo hospitalar deve valorizar todo pequeno esforço que é demonstrado pelo aluno, incentivando-o cada vez mais seu desenvolvimento e melhoramento físico e cognitivo, visando sempre o aperfeiçoamento de suas habilidades tanto motoras, quanto intelectuais.
O pedagogo deve sempre levar em consideração os objetivos principais do processo educativo no ambiente hospitalar que é o de educar, humanizar e socializar esses educandos. Tendo em vista que os mesmos encontram-se em grande fragilidade mental e física, um tanto deprimidos por estarem em um ambiente de isolamento do restante do meio social. Isso torna o sofrimento desse escolar ainda maior, pois aqui não tratamos apenas de sofrimento físico ou dor física propriamente dita, mas também do sofrimento psicológico, este que é abalado significativamente, não pela dor, mas situação em que o mesmo se encontra. Portanto, nesse espaço, o pedagogo deve está mais do que bem preparado para enfrentar todas as dificuldades possíveis que serão encontradas nesse processo.
As funções desse profissional nesta área são bastante decisivas para que o discente tenha um resultado satisfatório não só na questão de ensino-aprendizagem, mas também na melhora do tratamento clínico. Neste sentido, é importante que o profissional seja bem preparado, que tenha confiança e competência no momento em que esta atuando, sabendo tomar as decisões cabíveis para cada caso encontrado. Para isso, é necessário que o Pedagogo Hospitalar, possua uma formação que contemple conhecimentos mais do que diversificados em educação e saúde, pois o mesmo terá de saber identificar e reconhecer as limitações de seus alunos, não só em nível de aprendizagem, mas também a nível patológico. Ou seja, ele tem que possuir informações sobre a doença que o discente tenha sido acometido, para que ele possa elaborar atividades de cunho educativo que respeite os limites desse escolar. Isso poderá ele adquirir através de uma formação técnica específica. Consideramos MATOS e MUGIATTI (p.24-25, 2002.) quando propõe que:

[…] é preciso que haja a necessária formação técnica para adaptar, criativamente, essas práticas às novas realidades que se apresentem. Assim, o educador, buscando novas soluções por meio do autoconhecimento, com o deslumbrar de outras fontes e assumindo o compromisso da transformação pessoal e social, passa a se tornar, juntamente com os demais profissionais da área de saúde, os artífices de uma nova proposta integrada, com a devida abertura para o desempenho de funções políticas e sociais em que se manifestem as eventuais necessidades de educação.

Nesta perspectiva, o pedagogo hospitalar atuará como uma ponte de mediação não só com o ambiente escolar, mas também com a equipe médica, pois usará estratégias para que o discente sinta-se à vontade num ambiente que frequentemente é visto como um foco de desânimos para as pessoas que se encontram em internação. Contribuindo assim, inclusive para processo de curativo do enfermo.
Nesse momento, é importante salientar que o Pedagogo Hospitalar em nenhum momento dará diagnósticos aos pacientes, pois o mesmo não possui capacitação e nem tão pouco qualificação profissional para este tipo de trabalho, mas de alguma forma o mesmo poderá ajudar a equipe médica ao oferecer auxílio, atendimento emocional e humanístico tanto para o paciente como para os familiares, que na grande maioria das vezes apresentam problemas de ordem psicoafetiva que podem prejudicar na adaptação do enfermo ao espaço hospitalar de forma psicológica, por isso esperam-se resultados positivos dos diagnósticos ou tratamentos.
Alguns exemplos dos trabalhos pedagógicos realizados no ambiente hospitalar são a utilização de brinquedotecas, videotecas, dentre outros espaços que são instalados para a concretização dos trabalhos de leitura, alfabetização, contação de histórias, desenvolvimento de raciocínio lógico em cálculos matemáticos e desenvolvimentos de atividades lúdico pedagógicas com os pacientes. Essas atividades visão oferecer as crianças e adolescentes hospitalizados a valorização de seus direitos a educação e a saúde, bem como também a atenção humanizada que proporcione uma formação cidadã de qualidade.

III)             CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há ainda muito que se fazer no sentido de qualificar profissionais e expandir estudos mais aprofundados nesta área, apesar de já percebermos que a mesma é bastante eficaz e diversificada. Cada vez mais os educadores percebem que a mudança pedagógica não se faz só promoção de aprendizagem de seu aluno dentro ou fora da sala de aula, mas também na experiência vivenciada pelo próprio profissional que a põe em prática ao conhecer novas situações e novas descobertas. Nessa prática, tem-se a possibilidade de perceber e desenvolver habilidades que eles mesmos desconhecem. Se já é difícil e complexo educar uma pessoa no ambiente escolar que esteja aparentemente saudável, quem dirá uma que esteja em tratamento patológico em um hospital. Isso sim é um desafio educacional laborioso.
            Nessa perspectiva, temos que a classe hospitalar deve, portanto, favorecer o desenvolvimento de atividades pedagógicas bem como oferecer um espaço para tal, dispondo de mobiliário adequado, instalações sanitárias próprias, completas, suficientes e adequadas, além de espaço ao ar livre para atividades físicas e lúdico-pedagógicas. Assim, com base em tudo que se foi exposto, podemos perceber que a educação como direito de todos os cidadãos (inclusive a classe hospitalar) se dá desde nossa Constituição de 1988. Cabe aos profissionais de educação labutar por fazer valer esses direitos e viabilizar as oportunidades de acesso a educação a esses educandos, bem como saber reconhecer o espaço e o papel do pedagogo hospitalar no ambiente hospitalar e nas classes hospitalares.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Conselho Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, Licenciatura. Resolução nº 1 de 15 de maio de 2006 (DOU 11/04/2006).

BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução n° 41 de Outubro de 1995 (DOU 17/19/95).

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.394, de 23 de dezembro de 1996. Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001.

FRANCO, M. A. S. Pedagogia como ciência da Educação.  Campinas, SP: Papirus, 2005.

LIBÂNEO, José C. Ainda as perguntas: o que é pedagogia, quem é o pedagogo, o que deve ser o curso de pedagogia. In: PIMENTA, S. G. (Org.). Pedagogia e pedagogos: caminhos e perspectivas. São Paulo: Cortez, 2002. p. 59-97.

MATOS, Elizete Lucia Moreira; MUGIATTI. Margarida Maria Teixeira de Freitas. Pedagogia Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. Rio de Janeiro: 4ª ed. Vozes, 2009.


REFERÊNCIA COMPLEMENTAR:

ASSIS, W. de. Classe Hospitalar: um olhar pedagógico singular. São Paulo: Phorte, 2009.

BRANDÃO, Carlos R. O que é educação. São Paulo: 33ª ed. Brasiliense, 1995.

COMENIUS, 1592 – 1670. Didática magna. Tradução Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1997.

DAMATTA, Roberto. O que é o Brasil. Rio de Janeiro: 1ª Ed. Racco, 2003.

GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: 7ª ed. Ática, 1996.

GHIRALDELLI Junior, Paulo. O que é pedagogia. São Paulo: 4ª. ed. Brasiliense, 2007.


Daniel Feitosa Barros (BARROS, Daniel Feitosa.)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI
TERESINA-PI
PUBLICADO: COLOQUIO AFIRSE, 2011.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Currículo Escolar e Gestão Democrática



Refletir sobre a luz de que quando se fala em reforma educacional ou mudar as concepções teóricas e práticas do ambiente escolar, o currículo e uma das etapas de grande importância para tal empreendimento, tanto na fase de construção como de execução das teorias curriculares. E a elaboração do currículo é um ponto chave para a prática pedagógica do fazer do educador, pois o currículo é dotado de normas de ação, prescrições educativas, mas que também da oportunidade para o educador conduzi-lo da maneira que lhe achar melhor. Melhor dizendo o currículo é a teoria educacional mais a prática pedagógica ou planejamento mais ação, e isso constitui no ponto de partida das ações práticas educativas do fazer docente do educador no contexto da sala de aula. O currículo também vai servir para guiar outras atuações no contexto escolar, como por exemplo: a formação inicial e continuada do corpo docente, organização dos centros de ensino, confecção de materiais didáticos, entre outros, assim como assegurar a coerência dessas questões no contexto escolar.
Contudo, o currículo deve ser elaborado considerando todo o aspecto de desenvolvimento intelectual e físico de um educando, pois este aprende por etapas os conteúdos a serem trabalhados com o mesmo; os conteúdos devem ser apresentados conforme sua necessidade de utilidade e conforme também o interesse dos discentes a aprendê-lo.
É importante que o currículo seja elaborado já considerando sempre um conhecimento prévio do aluno. O professor deve tentar mostrar a importância e utilização do novo conhecimento adquirido para vida do escolar, para que esse possa encontrar significado no que aprende para se sentir estimulado a aprender ainda mais, além do mais, toda pessoa é dotada de um conhecimento prévio. O educador deve estimular seus alunos a procurarem e a construírem seu próprio conhecimento. O currículo escolar deve ser elaborado de forma sistematizada e que possua metas e objetivos a serem cumpridos. Ao final, o aluno deve saber identificar a importância dos conteúdos recebidos para sua vida cotidiana, pois de nada valerá o aluno ser bombardeado de novas informações se ele não vai saber o que fazer com elas ou como usá-las.
Nessa perspectiva de organização do currículo, passamos agora a ter a necessidade de explicitar outra abordagem, qual está direcionada à gestão escolar. Assim temos que, a gestão de uma instituição escolar deverá ser fundamentada em uma concepção democrática que possibilite a tomada de decisões coletivas e planejamentos contínuos, englobando aspectos administrativos, pedagógicos, financeiros ou sociais que possam colaborar de forma efetiva para o desenvolvimento de uma escola autônoma, que privilegie o aluno em todos os aspectos - psicológicos, sociais, culturais, éticos, - buscando sempre que possível a sintonia com a dinâmica do mundo moderno, adequando as novas tecnologias aos propósitos educacionais da humanização.


            O sucesso de uma escola depende dentre outros aspectos, da cooperação múltipla entre todos os membros engajados na tão difícil e encantadora "arte de educar". É indispensável, pois a colaboração dos gestores, educadores, colaboradores, e aqui em especial os pais e comunidade onde estes estejam articulados em torno de um único objetivo: “fazer acontecer à educação social como referencial social e o afetivo exercício da cidadania”.
            Para sobreviver em um grupo vencedor, construtivo e integrado são fundamentais alguns procedimentos, normas, regras valores e atitudes que nortearão o trabalho da equipe numa gestão participativa e democrática, dentre eles podemos citar:
·         Manter o grupo coeso, convivendo e sabendo lidar com as discussões, diferenças e conflitos;
·         Engajar toda a equipe em torno de um único ideal;
·         Consultar a equipe periodicamente antes da tomada de decisões;
·         Motivar o grupo uma vez que a produção do mesmo está intimamente associada ao grau de interesse e estimula que o mesmo possui;
·         Estabelecer, aplicar e manter objetivos e padrões de desempenho em equipe;
·         Comunicar a equipe a respeito dos planos atuais e futuros;
·         Contar com a ajuda e colaboração dos pais e comunidade nas tomadas de decisões;
·         Assegurar que a opinião e participação de todos, sem distinção, são indispensáveis para o desenvolvimento do ambiente escolar;
Com isso, podemos perceber que ao escolher uma escola para o filho (educando) é fundamental que os pais se sintam seguros com sua escolha e que disponibilizem espaços para que a escola possa labutar e intervir de forma significativa na formação do educando. É importante ressaltar que deve haver uma parceria entre pais/família e escola onde ambos possam demonstrar respeito e consideração entre si para se alcançar seus objetivos, que em privilegio maior, deve ser o sucesso do aluno.
            Quantos aos processos avaliativos, temos que a avaliação merece um destaque a parte, pois diz respeito a um processo mais amplo e abrangente que abraça todas as ações pedagógicas assim com todos os sujeitos neles envolvidos. Portanto, deve estar claro para aquele que avalia que ele também é parte integrante do processo avaliativo uma vez que foi o responsável pela mediação no processo de ensino-aprendizagem. Logo quando se lança o olhar si próprio. Ao avaliar deve-se ter em mente o processo comum todo, bem como aquele a quem se está avaliando.


Desse modo, desenvolver atividades que elevem à qualidade do ensino-aprendizagem considerando as diversidades culturais, sociais e individuais dos educandos e adequando os conteúdos de modo a favorecer ao aluno os desenvolvimentos intelectuais moral, éticos, físicos e afetivos tendo em vista uma formação ampla, satisfatória e eficaz.
Contudo, diante de tudo que foi exposto e abordado no livro, temos de considerar algo gravíssimo que é identificado em grande parte das escolas de nível regular de ensino, que é sobre o distanciamento da prática pedagógica com a realidade organizacional, isso implica em um comprometimento muito grande da educação e qualidade do ensino, pois passa a desmoralizar os mesmos fazeendo perder qualidade nos objetivos e ensino pretendido e educação desejada . Tendo em vista que ao que se nota, as escolas ainda trabalham com o sistema hierárquico onde maioria dos gestores não fazem prevalecer seu poder que lhe és de direito de participar e decidir juntos aos demais corpos da instituição.
Aposto na eficiência de uma gestão democrática, pois acredito fielmente que uma escola poderá progredir significativamente mais e com muita qualidade a partir do momento que a organização passar de fato a trabalhar numa perspectiva de gestão democrática, onde todos são pessoas ativas e responsáveis pelo desenvolvimento longínquo promissor da escola. É um direito de todos receberem a Educação, porém é dever daqueles que são responsáveis profissionalmente exercê-la e praticá-la com qualidade. Para tal é necessário que se faça dentro de uma gestão democrática, onde todos devem ser cientes e conscientes de seus deveres e importância significativa para o bem da instituição e acima de tudo da educação de nossos discentes.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Educação: Estatisticamente atrativa

Educação: Estatisticamente atrativa

Estatisticamente atrativa


Versátil e complexa, a Estatística fascina profissionais e estudantes pela vasta possibilidade de trabalho e boa remuneração




Caneta na mão, calculadora na mesa e muito raciocínio lógico. Assim é a rotina dos estudantes e profissionais da área de Estatística, ciência que teve sua origem na Antiguidade (3.500 a.c – 476 d.c), em razão da necessidade de se obter informações do número e riqueza dos habitantes e do poderio militar das nações, mas que só no século XVI ganhou as análises sistemáticas, as tabelas e as variáveis que possui hoje.
A Estatística, basicamente, é um conjunto de técnicas e métodos de pesquisa que se dedicam ao planejamento de experimentos, à coleta qualificada de dados e à inferência, processamento, análise e disseminação das informações. Essa ciência se fortaleceu entre os séculos XVI e XVIII quando os países começaram a armazenar dados econômicos, como a produção de bens e alimentos e o comércio exterior. Atualmente, a Estatística não se limita ao estudo de Demografia ou Economia, que se tornaram campos autônomos, mas sim se estende à análise de dados e probabilidades em áreas como a Medicina, Metereologia, Física, Biologia e Indústria. Ramo da matemática, a Estatística está voltada para o estudo da ocorrência de eventos e é bastante útil em pesquisas de opinião pública, de mercado e em censos populacionais.
No Brasil, cerca de 20 universidades públicas oferecem o curso de graduação na área. Segundo a coordenadora do curso de Estatística da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Veronica Gonzalez-Lopez, os alunos não têm muitas dificuldades em conseguir o primeiro emprego: “Sou testemunha das oportunidades que os nossos ex-alunos têm no mercado de trabalho. Tendo em vista que 95 % resolve estagiar antes de concluir a graduação, os benefícios e a versatilidade do nosso curso permitem que o aluno se insira perfeitamente numa variada gama de opções de trabalho”, afirma


Revista Toque da Ciência.
Por: Ana Carolina Chica
07 de janeiro de 2011