quinta-feira, 9 de julho de 2009

Há uma distinção fundamental entre educação e informação sexual. A informação compete à mente, equipa dados indispensáveis para que o indivíduo possa racionalmente manobrar sua existência (é uma questão mais cientifica e biológica dada basicamente de conhecimentos sobre reprodução ou doenças sexualmente transmissíveis). A educação sexual dirige-se à pessoa, suas emoções, seus instintos (inconsciente – desejos reprimidos), ela sedimenta os conceitos intelectuais, admitindo sua elaboração em profundidade, de acordo com individualidade de cada sujeito e é construída ao longo de toda vida do ser humano.
A diferença entre essas duas metodologias não deixa de implicar problemas. É a partir da idéia que informação e educação sexual possuem características distintas que se pode trabalhar as questões suscitadas pelo tema. (WEREBE, 1977; p. 09)
A posição de Wereber a esse respeito é apresentada a seguir, em citação de 1977:

[...]É a partir da idéia de que educação e informação sexuais correspondem a duas acções bem distintas, ou mesmo independentes, que os partidários de uma tal dissociação entendem fixar os limites das actividades que deveriam ser atribuídas a uma e á outra. Pretendem eles, efectivamente, que só a educação sexual pode provocar opções existenciais – filosóficas e éticas – e que a informação sexual é neutra e não implica nenhuma opção. (WEREBER, 1977; p. 09)


As formas de abordagem da problemática pela família e pela escola são também uma das questões a serem discutidas, pois muitas vezes estas informações e esta educação vêm acompanhadas do peso de uma estrutura social e religiosa já formada e geralmente os pais e professores são influenciados por estas estruturas que “impõe” aos jovens uma consciência pré-estabelecida esquecendo que estes são sujeitos subjetivos e que podem formar sua própria opinião sobre a sexualidade. Um fato a ser visto claramente em relação a isto é a tão discutida virgindade, onde quanto mais cedo se der essa iniciação (a vida sexual), mais experiência e eficiência os rapazes levaram para a vida adulta. As mulheres por sua vez tende a serem colocadas como sujeitos puros a partir do momento que preservam sua virgindade. De acordo com Mary Garcia Castro (2004, p. 73 e 74), podemos considerar que a:

[...] a autocobrança de uma atividade sexual precoce e intensa por parte do sexo masculino, a fim de se diferenciar do feminino e ser considerado adulto. [...] que essa postura é também acompanhada da afirmação de que as mulheres jovens despertam sexualmente os rapazes, mas que podem melhor se controlar.


Nota-se que a forma como a orientação sexual vem sendo empregada aos jovens pelos seus responsáveis (seja os pais, professores e até mesmo a sociedade) é um ponto relevante para construção de uma saúde psicológica saudável, principalmente se essa orientação é acompanhada de um fato social.
O desenvolvimento da sexualidade humana inicia desde o primeiro contato físico (nascimento da criança) quando os indivíduos ainda são meros bebês onde estão sujeitos a total proteção, caricias e cuidados dos pais. Segundo a colocação de Lustosa (2009; p. 34):

[...] Freud, ao investigar as patologias da mente, descobriu que a maior parte dos desejos reprimidos dava origem a conflitos que se relacionavam com a sexualidade, em especial a sexualidade infantil, ou seja, aos primeiros anos de vida da criança. (LUSTOSA. Ana Valeria Marques Fontes, 2009; p. 34)


A auto-exploração ou masturbação é outro experimento fundamental para uma sexualidade saudável. O indivíduo (criança) cedo aprende a brincar e a extrair prazer de seu próprio corpo, e isto faz parte de seu desenvolvimento tanto quanto engatinhar, andar ou falar. As palavras de Wereber apresentam-se:

[...] O experimento da auto-exploração só trará prejuízos se for punida ou se a criança sentir-se culpada por esta atividade natural. Cabe aos pais ignorar ou manifestar compreender o prazer que ela tira daquela experiência. Esta é apenas mais uma fase, e como tal tende a dar lugar a outras. Se a criança fizer isto na sua frente ou na de outras pessoas e você ache inadequado, diga que entende ser gostoso, mas que aquele não é o local certo, ensinando-lhe a noção de privacidade. [...] (WEREBER, 1977; p. 55)


Com base no visto nota-se que os jovens começam a vivenciar a sexualidade adulta na adolescência, porém é desde a infância que o indivíduo aprende a manter uma dada conduta e formas de encarar a sexualidade. A sociedade embora seja muito heterogenia emprega valores e estímulos aos jovens interferindo significativamente em sua formação sexual, esquecendo que estes são sujeitos individuais e que possuem opção de escolha. Nas palavras de Rosely Sayão:

[...] E só com o tempo poderemos perceber o quanto impregnado está o jovem de estímulos que não são seus, mas, também aqui, é preciso tempo para mostrar a ele que existem outras formas de perceber e viver a sexualidade e que ele pode ter opção de escolha. [...] (SAYÃO, Rosely, 1995; p. 279)

Prof. Daniel F. Barros

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